/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/16810/IMORTAL_1235867480B.jpg)
Imortal
About this book
À primeira vista, Imortal é só uma adaptação de Highlander em RPG. De fato, é impossível não comparar Imortal e Highlander, visto que o livro é claramente baseado no filme e na série. O jogo aborda personagens imortais, que após a sua primeira morte vêem-se novamente vivos e condenados a caminhar por este mundo por toda a eternidade. Os personagens são realmente imortais, recuperando-se de ferimentos rapidamente e exibindo poderes sobrenaturais. Porém, há uma maneira de elimina-los: decapitação. Soa familiar? As semelhanças com Highlander não terminam aí.Cada Imortal carrega dentro de si grande poder, uma essência sobrenatural que chamam de "Ressonância". Os Imortais podem sentir a presença uns dos outros devido a essa Ressonância, e descobriram que, eliminando outro Imortal, esse poder divino é liberado, podendo ser absorvido pelo vencedor. Por isso, os Imortais estão constantemente em guerra uns com os outros, cada um tentando sobreviver a qualquer custo. Entre eles há a lenda do "Ragnarok", o momento em que os últimos Imortais se reunirão num grande campo de batalha mítico, no qual apenas um sairá vencedor e, tendo absorvido as essências de todos os demais, se tornará um verdadeiro deus. Continua soando familiar?Pois as familiaridades terminam aí. Embora inegavelmente seja baseado em Highlander, Imortal NÃO é "Highlander: O Jogo de RPG".Você não encontrará Connor McLeod, Ramirez ou Kurgan aqui (embora nada impeça que você os adapte como desejar). Os Imortais aqui também assumem faces e funções um tanto diferentes do que Highlander nos mostra.Mais do que caçar as cabeças uns dos outros, os Imortais estiveram manipulando a humanidade e os rumos da história. No passado, se passaram por deuses e construíram (ou destruíram) impérios. Mais do que apenas verem a História ser construída, os Imortais praticamente construíram a História. E, de certa forma, os mortais não estavam tão errados em considera-los deuses. Imortais possuem grande poder, na forma de habilidades chamadas Dádivas, que vão muito além de simples espadas faiscantes.Imortal faz parte de um novo cenário de jogo, cheio de mistérios, conspirações e criaturas sobrenaturais. É de certa forma mais uma variação do tema "mundo das trevas", tão explorado pelas editoras White Wolf e Daemon. Este "Mundo de Revelações" tem a vantagem de estar sendo formado ainda, permitindo uma maior liberdade para os Mestres moldarem seu mundo de aventuras sem conflitar com regras "oficiais".Qualidade GráficaA Mitsukai se destaca pela qualidade gráfica de seus livros. Imortal não é exceção! A começar pela capa, cuja moldura lembra um livro de ocultismo, e cuja imagem é extremamente bem feita. Não pensem que a arte boa começa e acaba na capa não! A qualidade da capa é apenas uma amostra do conteúdo do livro. De fato, ao folhea-lo, não há como não notar a apresentação visual. As bordas são bonitas e bem trabalhadas e as imagens cumprem a função de apresentar o leitor ao Mundo de Revelações e o clima de Imortal.Nota-se uma clara influência egípcia na arte do livro. Diversas imagens possuem a temática ligada ao Antigo Egito, e a própria capa e o marcador de número de página são representados pelo olho de Hórus. Pode parecer estranho, mas faz sentido quando se lê o livro. Esses Imortais possuem ligações fortes com o Antigo Egito...RegrasImortal usa o sistema Daemon, e a Mitsukai é a primeira editora (fora a Daemon, é claro) a se aproveitar da licença de uso livre do sistema. Esta decisão traz vantagens e desvantagens, é claro. Fãs do sistema Daemon vão adorar! As regras estão todas lá, permitindo que Imortal seja jogado sem o auxílio de outros livros. Isso também permite que Imortal seja adaptado sem problema algum para o mundo de Trevas ou Arkanum.Mesmo para quem não é exatamente fã do sistema Daemon, a escolha de usa-lo permite que se jogue Imortal sem ter que aprender um conjunto novo de regras. Além disso, Imortal traz algumas regras próprias (incluindo um ótimo sistema para se determinar a personalidade do personagem, mas falarei disso adiante).Porém, o sistema também traz algumas desvantagens... Eu, particularmente, sinto uma falta tremenda de regras para combate desarmado, um dos pontos que considero mais falhos no sistema Daemon. Além disso, não gosto do método de evolução em "níveis". Imortal chega até a sugerir um sistema alternativo de evolução baseado em pontos de experiência, mas mesmo essa regra opcional me pareceu um tanto estranha, pois os custos de cada característica ficaram desequilibrados (é mais barato e muito mais vantajoso e rápido aumentar um Atributo do que uma Perícia, por exemplo).CONTEÚDOO livro começa com uma curta história em quadrinhos em 8 páginas. Particularmente, acredito que um conto inicial ocuparia menos espaço e seria mais descritivo, mas os quadrinhos são mais atrativos e representam bem a sinopse do livro. A história apresentada não é nada excepcional, mas cumpre bem o papel de colocar o leitor no clima do livro.IntroduçãoEm seguida, temos a Introdução, que ocupa quatro páginas. Duas delas são dedicadas a explicar brevemente o que é RPG, enquanto as outras duas apresentam um Léxico com termos usados no jogo.Capítulo 1Passamos então por uma imagem (novamente com temática egípcia), que nos leva ao primeiro capítulo: Um Mundo de Revelações. Narrado por um Imortal chamado Imhotep (sim, AQUELE Imhotep, mas não, não aquela múmia), o capítulo busca explicar o cenário e a natureza da Imortalidade. O capítulo começa introduzindo o Mundo de Revelações, mas logo passa a falar dos Imortais em si. O Narrador discursa sobre a história da Humanidade, desde uma idade mítica que vem antes da Pré-história aos tempos atuais. Descobrimos que os Imortais fundaram Atlântida e a tornaram um paraíso, até serem traídos por um deles e seu paraíso ser destruído. Eles então se espalharam pelo mundo e assumiram o papel de deuses, mas o tempo os força a se ocultarem...O capítulo segue falando sobre os dias atuais, apresentando o mundo moderno e as atividades dos Imortais nos dias de hoje. Então, chegamos aonde realmente interessa: nos Imortais em si. A sociedade Imortal; Imortais-latentes (mortais destinados à Imortalidade); características da Imortalidade, como morte Transcendência e a Revitalização; a luta eterna entre Imortais, disputando suas Ressonâncias, e o Pacto, um conjunto de regras forjado em tempos antigos que rege a sociedade Imortal.O capítulo segue então para os lados mais obscuros ou perigosos do mundo, que até mesmo os Imortais não compreendem bem. Sociedades Secretas são brevemente apresentadas, sem muitos detalhes. Em seguida, governo, lei e criminosos são apresentados do ponto de vista dos Imortais. O capítulo depois apresentando algumas criaturas sobrenaturais do Mundo de Revelações, como Nosferatu (vampiros) e Warlocks (feiticeiros). Algumas criaturas interessantes, como Doppelgangers (que aqui mais parecem seres amorfos e canibais do que imitadores) e Abissais (pense em algo incompreensível como Call of Cthulhu) também dão o ar da graça.O capítulo termina apresentando alguns mitos, como o temido Ragnarok, alguns artefatos e os Cavaleiros do Apocalipse, um grupo de quatro imortais que merecem o nome que têm.O primeiro capítulo é bom. Porém, eu achei-o um tanto "científico" demais para um capítulo narrado em primeira pessoa... O narrador parece um tanto frio ao descrever as coisas, e cita datas e eventos com precisão enciclopédica. Pode ser só impressão minha, mas o narrador parece estar narrando um documentário. Isso é bom para apresentar o cenário, mas não para dar "clima."Por outro lado, o capítulo cumpre bem o papel de apresentar tanto os Imortais como o mundo em que vivem. O Mundo de Revelações pode se tornar um cenário bastante interessante se bem explorado...Capítulo 2Em seguida, partimos para o capítulo 2: Criação de Personagens. Basicamente, são apresentadas as regras para criar personagens (duh!) usando o sistema Daemon. O capítulo começa ensinando a determinar que tipo de personagem se encaixa melhor numa Campanha. Segue-se o estilo Daemon de criação, com uma longa lista de perguntas para se gerar background, determinação da idade do personagem e distribuição de pontos.O que chama a atenção, porém, é a regra para determinar a personalidade do Imortal. Basicamente, escolhe-se três arquétipos (Foco, Interação e Conduta) que dão uma idéia bem flexível de como seu personagem pensa e age. É um sistema simples e flexível.Temos então a descrição dos Atributos, Perícias e Aprimoramentos. Perícias e Aprimoramentos possuem listas bem longas de possibilidades, embora eu ache algumas delas desnecessárias (uma Perícia para videogame?). Alguns Aprimoramentos são meio estranhos e eu não acho particularmente apropriados, como ser um assassino serial ou canibal...Capítulo 3Chegamos então ao capítulo 3: Ressonância e Dádivas. É o capítulo que descreve os poderes e habilidades especiais de um Imortal... E vou te dizer: os bichos são poderosos o suficiente para realmente terem sido comparados a deuses em épocas passadas... Temos também explicações sobre o que acontece quando um Imortal morre e as regras para tal.Esse capítulo tem alguns "bugs", porém... Por exemplo, acho exagerada a quantidade de pontos de Ressonância que um Imortal possui (acho que seria mais fácil diminuir os custos de uso das Dádivas para poder reduzir também a quantidade de pontos que se carrega). Além disso, algumas Dádivas são pouco explicadas, podendo gerar confusão (se entendi bem, um personagem de 500 anos poderia aumentar sua Força em +60 com uma Dádiva de nível um, visto que a Dádiva Corpus não especifica limites de aumento por nível de poder).Nesse ponto, o livro tem outro defeito que também vejo em muitos livros da Daemon: os poderes são explicados com muita brevidade, talvez para poupar espaço para coisas mais importantes (o que é bom!), mas acabam gerando confusão ou possibilidades de apelação. Há também alguns poderes que me parecem desbalanceados, mesmo sendo de alto nível (Vigor 5: Rochedo, permitiria que mesmo um Imortal jovem conseguisse um IP +15 facilmente, enquanto Psique 5 pode matar instantaneamente alguém se o jogador tiver sorte nos dados).Uma coisa interessante é que os poderes fogem bastante daquilo que estamos acostumados em Highlander. Claro, ainda temos as armas faiscantes, a força e a velocidade e outros truques famosos, mas também temos sorvo de vida, premonições, medo, ataques mentais, telecinésia ou ocultação. Como eu havia dito antes, os Imortais merecem a fama de deuses, pois suas habilidades realmente parecem divinas, e tem-se ainda a possibilidade de certos Imortais famosos terem desenvolvido poderes únicos...Apesar de todos os "bugs", o capítulo é muito bom. Regras são facilmente contornáveis... Basta um Mestre competente e o uso do bom senso em seu jogo, e nada irá atrapalhar sua diversão.Capítulo 4Este capítulo, denominado História, se dedica ao Mestre. Ele é composto por dicas de como dar vida a uma aventura e como mestrar. Diversos temas e climas para Campanhas são apresentados, junto com dicas de como lidar com os jogadores, desde o jogador "peste" ao famigerado "advogado de regras".Como um capítulo dedicado ao Mestre, o Capítulo 4 tem o seu valor. Ele é bom especialmente para Mestres iniciantes, mas acho que Mestres mais experientes não extrairão muita coisa dele. Bom, não se pode ter tudo, não é mesmo?Capítulo 5"Regras, Testes e Experiência". Acho que o nome diz tudo. Este capítulo complementa o capítulo 2, ensinando a testar as características apresentadas na criação de personagem. Combate e permutações do mesmo também são apresentados aqui, bem como regras para sufocação, afogamento, quedas, morte (tanto temporária como final) e cura. O capítulo termina com regra para desenvolvimento do personagem, com os famigerados "níveis de experiência" já citados, bem como regras para desenvolver-se com a idade ou através da Revitalização (absorção do poder de outro Imortal).Resumindo, esse capítulo traz basicamente aquilo que todo jogador do Sistema Daemon conhece.ApêndicesO livro contém vários apêndices. O primeiro deles, Pontos Heróicos, lida com essa regra opcional. Particularmente, não gosto muito dela, pois não acho que combina com o clima de Imortal, mas ajuda quem quer uma Campanha mais heróica.Depois temos Kits e Personagens Famosos. Aqui, primeiro são apresentados alguns kits. Eu me pergunto porque há tão poucos kits "mundanos" e tantos destinados a lutadores de artes marciais, militares e afins... Mas creio que isso se dá devido à ênfase que o jogo dá ao combate (afinal, todos querem a sua cabeça!)Após os kits, temos alguns personagens prontos para uso (do Narrador preferencialmente, pois são um tanto quanto poderosos), bem como a descrição de algumas lendas entre os Imortais, como Skorpion (não, não é um ninja de roupa amarela de um certo jogo...) ou Sharur Mitu, que é conhecido como a Morte em pessoa... Novamente, temos forte influência egípcia nos personagens, especialmente com a aparição de Anúbis e Nefertiti entre os personagens.Para finalizar o livro, temos Equipamentos e Armas, onde se fala sobre dinheiro, armaduras e pertences, bem como uma breve discussão sobre o que é permitido em cada período histórico. Temos uma tabela básica de armaduras e algumas armas de fogo, bem como uma página com armas brancas (estas, apresentadas ao lado de imagens de armas reais).CONCLUSÃOBem, com 128 páginas, um cenário novo, regras já conhecidas, uma arte muito boa e um conteúdo excelente, Imortal surpreende ainda pelo preço: 14 reais. É bem mais barato do que a maioria dos livros encontrados no mercado. Como todo livro, tem algumas falhas, mas elas podem ser facilmente ignoradas e são compensadas (e muito) pela qualidade do trabalho.Numa escala de 0 a 10, dou 9 para Imortal.
Book Details
ISBN13 | 9788588257030 |
---|---|
ISBN10 | 8588257033 |
Pages | 128 |
Language | PT |
Import Source | Skoob |
Created At | January 30, 2025 |
Updated At | January 30, 2025 |