Educar Para a Submissão

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A tradicional diferença de caracteres entre macho e fêmea não é devida a fatores congênitos, e sim, aos condicionamentos culturais a que o indivíduo é forçado no curso do seu desenvolvimento. Eis a tese defendida pela autora e confirmada através de uma longa experiência educativa com pais e crianças de idade pré-escolar. Os condicionamentos na direção do papel designado a um ou outro sexo começam até mesmo antes do nascimento, quando se prepara o enchovalzinho: rosa ou azul, e prossegue com a escolha - por parte dos adultos - dos jogos com que as crianças "podem" ou "devem" brincar, das funções que "podem" ou "devem" desempenhar, antes na família, e depois na sociedade, para chegar às escolhas mais ou menos coagidas no campo dos estudos, do trabalho e do seu futuro. Mas por que só "pelo lado das meninas?" ... É uma exigência cultural, que visa conservar e transmitir determinados valores, entre os quais o mito da "natural" superioridade masculina, contraposto à "natural" inferioridade feminina. Na realidade, porém, não existem qualidades "masculinas" e qualidades "femininas", mas somente qualidades humanas. O que se deve fazer, portanto, "não é formar as meninas à imagem e semelhança dos machos, mas restituir a cada indivíduo que nasce a possibilidade de desenvolver-se no modo que mais convém ao seu gênio, independentemente do sexo a que pertence". A vantagem será para homens e mulheres, e para a sua própria vida em comum.Ensaios / Filosofia