Uma desolação

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Uma desolação é um monólogo de um pai, 73 anos, ao filho, 38 anos. Com afirmações provocativas e contundentes, Samuel vai tecendo ao longo da trama sua ira, seu rancor contra tudo e todos, mas muito particularmente contra seu rebento, contestando a legitimidade da felicidade do rapaz e o seu modo contemplativo de viver. "Eu lhes apresento meu filho, da turma das flores cortadas, que nunca chegarão a frutificar. Eu o teria preferido criminoso ou terrorista em vez de militante da felicidade", afirma num dos momentos mais inflamados de sua carta aberta, que também é um prestar contas consigo mesmo, um relato do combate travado contra a desolação dos seus dias.